Crescimento Recorde em 2024 e Projeções Otimistas para 2025
O setor de Viagens e Turismo em Portugal atravessa um dos momentos mais promissores da sua história recente. Segundo dados divulgados pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), a atividade deverá continuar a crescer em 2025, após um ano de 2024 histórico, no qual ultrapassou todos os recordes anteriores em termos de contribuição económica, criação de empregos e gastos de visitantes.
De acordo com o relatório de Impacto Económico elaborado em conjunto com a Oxford Economics, o setor deverá gerar 62,7 mil milhões de euros em 2025, o que equivale a 21,5% do Produto Interno Bruto (PIB) português — quase 38% acima do pico de 2019. Estima-se ainda que o setor sustente 1,2 milhões de postos de trabalho, o que representa aproximadamente um em cada quatro empregos no país, superando em 200 mil o anterior máximo.
O gasto de visitantes internacionais deverá atingir 33,1 mil milhões de euros, enquanto o turismo doméstico deverá contribuir com 22,9 mil milhões, representando aumentos de 24,2% e 59,5% face a 2019, respetivamente. Estes números evidenciam a forte procura tanto externa como interna.
Desempenho Excecional em 2024
O desempenho extraordinário de 2024 serve de base para as previsões otimistas de 2025. No ano passado, o setor contribuiu com 60,6 mil milhões de euros para a economia portuguesa, o equivalente a 21,3% do PIB nacional, e sustentou 1,2 milhões de empregos — quase 23% do total.
Em relação aos gastos, os visitantes internacionais desembolsaram 31,8 mil milhões de euros, enquanto os residentes contribuíram com 22,2 mil milhões, estabelecendo máximos históricos em ambas as categorias.
Projeções a Longo Prazo até 2035
As perspetivas de longo prazo do WTTC apontam para uma trajetória de crescimento ainda mais robusta nos próximos anos. Em 2035, estima-se que o setor de Viagens e Turismo em Portugal contribua com mais de 74,6 mil milhões de euros para o PIB, representando 22,6% da economia nacional. A previsão é de que o setor sustente 1,4 milhões de empregos, reforçando o seu papel como motor essencial de crescimento económico e coesão social.
O gasto de visitantes estrangeiros poderá atingir os 40,6 mil milhões de euros, enquanto o turismo interno deverá chegar aos 25,8 mil milhões, consolidando o papel estratégico do setor na política económica nacional.
Panorama no Espaço Europeu
No contexto da União Europeia, o setor de Viagens e Turismo também tem apresentado números robustos. Em 2024, a contribuição total para o PIB da região foi de quase 1,8 biliões de euros, o que representa mais de 10% da economia do bloco — um aumento de quase 6% face a 2019. O emprego no setor cresceu 4,7% em relação ao ano anterior, alcançando 24,6 milhões de postos de trabalho, o equivalente a um em cada nove empregos na UE.
Para 2025, o WTTC antecipa que o setor europeu atinja quase 1,9 biliões de euros, representando 10,5% do PIB do bloco, e empregue 25,7 milhões de pessoas, cerca de 12% do total.
Portugal como Porta de Entrada Estratégica para Investimento
Num cenário global de alterações nas dinâmicas comerciais e de aumento do protecionismo, Portugal destaca-se como uma plataforma resiliente para investidores internacionais, apostando em vantagens geográficas, incentivos estatais e na privatização da transportadora aérea nacional, a TAP Air Portugal. Apesar dos riscos impostos pelas tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações portuguesas, o plano de apoio de 11 mil milhões de euros e a transformação da TAP num hub transcontinental reforçam as oportunidades para investimento em infraestruturas e capitais próprios.
Plano de Apoio de €11 Mil Milhões: Diversificação e Proteção às Exportações
O pacote de apoio aprovado em 2023 destina-se a mitigar os impactos das tarifas norte-americanas, com destaque para 8,6 mil milhões de euros em linhas de crédito e subsídios direcionados a setores exportadores como a indústria química, maquinaria e têxteis — responsáveis por mais de 60% do PIB português. Inclui ainda 1,2 mil milhões de euros em seguros de crédito à exportação, beneficiando empresas como a Corticeira Amorim e a Galp.
Além disso, a aposta na diversificação dos mercados, com destaque para o acordo UE-Mercosul e a aproximação a economias asiáticas, acrescenta profundidade estratégica. Cerca de 350 milhões de euros foram destinados a incentivos para investidores estrangeiros em setores como a energia renovável e a indústria farmacêutica, áreas em que Portugal tem vantagens competitivas evidentes.
Privatização da TAP: Impulso Transatlântico para o Crescimento
A privatização da TAP, adiada por instabilidades políticas mas agora retomada, é vista como um pilar fundamental para o futuro económico do país. Com propostas de aquisição por parte da Air France-KLM, IAG e Lufthansa, o hub de Lisboa — a apenas seis horas de São Paulo — apresenta-se como uma ponte natural para mercados lusófonos da América do Sul e África.
A proposta da Air France-KLM de adquirir 51% da companhia prevê integrar a TAP na aliança SkyTeam, ampliando a cooperação com a Delta Air Lines e a Korean Air. Esta integração poderá aumentar a capacidade de voos de longo curso da TAP e transformar Lisboa num ponto estratégico para passageiros asiáticos com destino à América Latina, um mercado ainda pouco explorado por outros hubs europeus.