O banco de investimento norte-americano Jefferies reafirmou a sua recomendação de compra das ações do BCP, mantendo o preço-alvo em 0,43 euros. A decisão é sustentada por uma análise positiva ao contexto macroeconómico português e à posição sólida do banco no atual cenário europeu.

Segundo o relatório “Painel dos Bancos EMEA”, Portugal encontra-se numa trajetória de crescimento estável no setor do crédito. Em agosto, os empréstimos aumentaram 0,7% em termos homólogos, com os empréstimos às famílias a registarem uma subida ainda mais expressiva de 1,8%. Estes números contrastam com a estagnação observada em grande parte dos restantes países da União Europeia.

Além disso, os depósitos cresceram 5,8% no mesmo período, conferindo ao sistema bancário português uma ampla liquidez, com um rácio crédito-depósito (LDR) de 79%. Para os analistas do Jefferies, este equilíbrio torna o BCP bem posicionado para enfrentar uma eventual descida das taxas de juro, uma possibilidade que o Banco Central Europeu (BCE) poderá concretizar já em outubro.

De facto, o mercado já antecipa uma redução de 25 pontos base nas taxas, com uma probabilidade de 95%, reforçada pelas declarações recentes de Christine Lagarde. A presidente do BCE sugeriu essa hipótese após a divulgação de dados que mostram uma desaceleração na inflação e na atividade económica.

No mesmo relatório, o Jefferies também dedica atenção ao banco espanhol Santander, que acaba de lançar o Openbank nos Estados Unidos. Esta plataforma digital oferece uma conta poupança com uma taxa atrativa de 5,25%, destinada a clientes não bancarizados no mercado norte-americano.

O processo de abertura da conta é totalmente digital e demora apenas cinco minutos, segundo o banco. Para aderir, é necessário ser residente nos EUA, ter mais de 18 anos, dispor de número de Segurança Social, morada e telefone válidos, além de um dispositivo com autenticação biométrica. O depósito mínimo exigido é de 500 dólares.

Importa destacar que o Openbank opera como uma divisão do Santander Bank nos EUA, e não como entidade autónoma. De momento, não aceitará clientes que já tenham produtos no Santander Bank tradicional, nem estará disponível para residentes de oito estados onde o grupo possui agências físicas — entre eles Nova Iorque, Nova Jérsia e Massachusetts. O objetivo é evitar sobreposição com a base de clientes existente e garantir uma expansão gradual, sem concorrência interna direta.

O Jefferies acredita que esta iniciativa poderá servir como uma alternativa de financiamento mais eficiente, substituindo fontes grossistas de custos mais elevados nos EUA. Contudo, alerta que o plano de expansão do Openbank no México, onde terá de competir com taxas igualmente elevadas, poderá acarretar riscos de canibalização entre entidades do mesmo grupo.

Na próxima semana, os mercados financeiros estarão atentos a uma série de indicadores relevantes: os dados de inflação na República Checa e no Reino Unido, o relatório de emprego britânico, bem como as vendas a retalho nos EUA e no Reino Unido. Além disso, os analistas do Jefferies esperam novidades do inquérito do BCE sobre a evolução dos empréstimos bancários.

Com esta análise, o Jefferies reforça a sua posição de otimismo em relação ao setor bancário português, destacando o BCP como uma das suas principais apostas na região, ao mesmo tempo que acompanha de perto a transformação digital dos grandes bancos europeus em novos mercados internacionais.